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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Mediunidade - Sofrimentos morais no além-túmulo

Olá,

A simples desencarnação de forma alguma liberta o espírito dos seus hábitos e necessidades até então cultivados.
Impregnado pelas sensações em que se demorou, quando, interrompidos os vínculos carnais, permanecem os mesmos condicionamentos, impondo-se com expressões que exigem atenção e cuidados.
Sensibilizado pelos impositivos que lhe constituíam recurso vital para a fixação no corpo, o perispírito continua canalizando para o ser espiritual os conteúdos que proporcionam alegria ou dor, conforme o teor vibratório de que são formados.

Os vícios mentais, os hábitos orgânicos e sociais, as ações desenvolvidas, são elementos que nesse período somam-se às impressões vigorosas nas tecelagens delicadas do espírito, transformando-se em sensações e em emoções correspondentes.
Algumas são tão fortes que se fazem correspondentes às físicas anteriormente vivenciadas, transformando-se em bênçãos, quando elevadas, ou incomparável suplício, se formadas por energias deletérias.
Convertendo-se em necessidades, impõem atendimento orgânico, como se a argamassa fisiológica se mantivesse em funcionamento.
Como é compreensível, o interromper de um hábito qualquer, por circunstância não elegida, não consegue anular-lhe o condicionamento, particularmente se for acolhido por largo período, no qual a pessoa se comprazia, centrando os interesses mentais e emocionais no seu desfrutar.
Transformando-se em martírio que não diminui de intensidade, em razão da carência não atendida, inflige sofrimentos morais de difícil definição.
Adicionem-se a essas sensações as ânsias, mágoas, angústias e o despertar da consciência que faculta a avaliação das experiências fracassadas e torna-se volumoso o fadário que enlouquece muitos recém-desencarnados.
A autoconsciência é responsável pela ressurreição de fantasmas que pareciam extintos ou esquecidos, mas que, nessa hora, ressumam dos refolhos do inconsciente, assumindo forma e tomando força, transformando-se em algozes implacáveis, cujas aflições impostas se caracterizam pelo superlativo.
A descoberta do tempo malbaratado, a constatação dos erros e delitos perpetrados, o arrependimento tardio, formam componentes punitivos que camartelam o ser espiritual, transtornando-o.
Todos os sofrimentos são dilaceradores nas carnes da alma; no entanto, aqueles de natureza moral são mais severos, porque, ínsitos no âmago do ser, não dão trégua a quem os padece.
Sem o costume salutar da oração lenificadora nem da meditação saudável, a vítima de si mesmo não encontra conforto para minimizar-lhe a intensidade, entregando-se à degradação da revolta ou ao abandono na agonia com que mais se agravam as aflições íntimas. Estorcegam, então, sem consolo moral, atirando-se pelos resvaladouros da rebeldia e da blasfêmia, exaurindo-se e desfalecendo, para logo retornarem sob a mesma carga aflitiva da sua realidade interior.
Tal ocorrência tem lugar porque ninguém foge das suas conquistas, das suas realizações pessoais.
Desalojado o espírito do domicílio celular, prossegue como antes, com a diferença exclusiva de encontrar-se desvestido da couraça orgânica.
Todos os seus valores permanecem inalterados, assim como os seus desejos e vinculações.
A frustração amarga por não poder administrar a máquina atual conforme o fazia com a orgânica, exaspera e alucina.
A nova dimensão para a qual se transferiu mediante a morte do corpo tem as suas próprias leis e constituição que não se alteram quando enfrentadas ou agredidas pelos que a alcançam.
O ser humano é essencialmente o conjunto dos seus hábitos a que se submetia, antes de conduzi-los, e mais lhes sente a pressão em face do novo campo vibratório em que se encontra.
As dores morais no além-túmulo são uma realidade muito significativa, como sucede em relação à felicidade, à alegria, ao bem-estar, à paz, para aqueles espíritos que se conduziram na Terra com retidão, equilíbrio, lucidez, abnegação.
Com admirável coerência, acentuou Jesus: "A cada um conforme as suas obras".
A morte, portanto, é a grande desveladora da realidade para todos quantos se encontram em trânsito pela névoa carnal, rumando, mesmo que sem dar-se conta, para a vida plena.
Alargar os horizontes mentais para a contemplação da madrugada imortal, deve ser o compromisso de todos os seres humanos, mediante a vivência do dever reto, da consciência digna e dos pensamentos saudáveis.

Manuel P. de Miranda/Divaldo P. Franco            " Mediunidade Desafios e Bênçãos "

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