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domingo, 8 de dezembro de 2019

Vida - GLÓRIA DO NATAL.

Olá,

Senhor – rei divino projetado às sombras da manjedoura -,
 diante do teu berço de palha recordo-me de todos os conquistadores que te antecederam na Terra.
Em rápida digressão, vejo Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio, e Cambises, rei dos persas, ocupando o vale do Nilo, antes poderoso e dominador.

Reparo as lutas sanguinolentas dos assírios, disputando a hegemonia do seu
império dividido e infeliz.
Nabopolassar e Nabucodonosor reaparecem à minha frente, arrasando Nínive e
atacando Jerusalém, cercados de súditos a se banquetearem sobre presas misérrimas
para desaparecerem, depois, num sudário de cinza.
Não observo, contudo, apenas o gentio, na pilhagem e na discórdia, expandindo
a própria ambição; o povo escolhido, apesar dos desígnos celestes que lhes fulguram
na lei, entrega-se, de quando em quando, à sementeira de miséria e ruína; revoluções
e conflitos ceifam as doze tribos e orgulho desvairado compele irmãos ao extermínio
de irmãos.
Revejo os medas, açoitados pelos cimerianos e citas.
Dario surge, ao meu olhar assombrado, envolvido nos esplendores de Persépolis
para mergulhar-se, em seguida, nos labirintos do túmulo.
Esparta e Atenas, entre códigos e espadas, se estraçalham mutuamente, no
impulso de predomínio; numerosos tiranos dentro de seus muros, manobram o centro
da governança, fomentando a humilhação e o luto.
Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões,
deixando um cortejo de lágrimas, atrás da fanfarra guerreira que lhe abre caminho à
morte, em plena mocidade.
E os romanos, Senhor? Desde as alucinações dos descendentes de Príamo ao
último dos imperadores, deposto por Odoacro, jamais esconderam a vocação do poder,
arrojando povos livres ao despenhadeiro da destruição...
Todos os conquistadores vieram e dominaram, surgindo na condição de
pirilampos barulhentos, confundidos, à pressa, num turbilhão de desencanto e poeira,
mas Tu, Soberano Senhor, te contentaste com o berço da estrebaria!
Ministros e sábios não te contemplaram, na hora primeira, mas humildes
pastores ajoelharam, sorridentes, diante de Ti, buscando a luz de teus olhos
angelicais...
Hinos de guerra não se fizeram ouvir à tua chegada libertadora; todavia, em
sinal de reconhecimento, cânticos abençoados de louvor subiram ao Céu, dos corações
singelos que te exaltavam a Estrela Gloriosa, a resplandecer nos constelados
caminhos.
Os outros, Senhor, conquistaram à custa de punhal e veneno, perseguição e
força, usando exércitos e prisões, assassínio e tortura, traição e vingança, aviltamento
e escravidão, títulos fantasiosos e arcas de ouro...
Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra
de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e
da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro.
Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a
luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os
filósofos; no entanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres
humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular...
E por fim, Mestre, longe de escolheres um trono de púrpura a fim de
administrares o Reino Divino de que te fizeste embaixador e ordenador, preferiste o
sólio da cruz, de cujos braços duros e tristes ainda nos endereças compassivo olhar,
convidando-nos à caridade e à harmonia, ao entendimento e ao perdão...
Conquistador das almas e governador do mundo, agora que os teus tutelados
afiam as armas para novos duelos sangrentos, neste século de esplendores e trevas,
de renovação e morticínio, de esperanças e desilusões, ajuda-nos a dobrar a cerviz
orgulhosa, diante do teu berço de palha singela!...
Mestre da Verdade e do Bem, da Humildade e do Amor, permite que o astro
sublime de teu Natal brilhe, ainda, na noite de nossas almas e estende-nos caridosas
mãos para que nos livremos de velhas feridas, marchando ao teu encontro na
verdadeira senda da redenção.

Irmão X/ranncisco C. Xavier                " Antologia Mediúnica do Natal"

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