Digite aqui o assunto do seu interesse:

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Vida - PERANTE OS MORTOS

Olá,

Quando visites o campo convertido em relicário da cinza dos mortos, procurando tatear a lembrança dos seres queridos que o sepulcro recobre, endereça-lhe a própria alma, em forma de amor, porque eles vivem.
Pensa neles com o enternecimento de quem reencontra devotados amigos, apartados de ti por temporária separação.
Qual se estivesse involuntariamente, numa parada expectante, falam-te, em silêncio, a verdade que o verbo humano não articula.
Basta medites para que lhes recolha a voz...

Poderosos de ontem, que abusavam da autoridade, lamentam, na lousa o capacete esbraseado de
angústia e remorso que se lhes embutiu nas consciências;
déspotas de variados matizes, que zombaram da fraqueza ou da ignorância do próximo, conservam enterradas, no próprio peito, as lâminas repulsivas com que desataram as lágrimas alheias;
juízes, que leiloaram a dignidade dos tribunais suportam as consequências do arrazoado precioso com que vestiram sentenças ímpias;
intelectuais que encharcaram a pena em lodo mental, assalariando a própria inteligência no artesanato do crime, clamam contra o nevoeiro que lhes entenebrece os pensamentos;
 tribunos, que esconderam propósitos sombrios em frases fulgurantes;
ouvem no adito de si mesmos, as doridas exprobações de quantos lhes caíram na vasa das intenções subalternas; artistas, que injuriaram a natureza, senhoreando-lhe os recursos para suscitarem nos outros a delinquência emotiva, arrastam-se, obsessos e infelizes, nos torvelinhos da insanidade;
Pessoas dinheirosas, que fizeram à própria vaidade, buscam, em vão, apagar a mentira das pomposas legendas que lhes marcam os restos...
Junto deles, porém, surge a caravana dos que chegam dos cimos, a entremostrarem o próprio rato por
mensagem de luz.
São aqueles que sobrenadaram a onda móvel e traiçoeira das ilusões humanas, desvelando os próprios
corações por lábaros esplendentes...
Ostentavam nomes admirados, mas souberam transfigurar a própria grandeza no trabalho em que se
tornavam pessoalmente humildes e pequeninos;
foram titulados, na culminância das profissões, entretanto, colocaram o serviço aos semelhantes, acima das honrarias;
desempenharam comandos sociais em gabinetes governativos, contudo, transformaram a liderança em exemplo de sinceridade e desinteresse, nas causas justas;
 eram renomados artífices da idéia e do sentimento, no entanto, manejavam a palavra falada ou escrita por enxada solar nas glebas do espírito;
 foram mordomos da finança e da economia, mas converteram a fortuna amoedada em sustentáculos do progresso e em fontes de beneficência fecunda;
suaram, valorosos e desvalidos, na condição de heróis anônimos que a Terra desconheceu, todavia, passaram entre os homens, extravasando a própria dor, em cânticos de alegria e esperança, nos quais honorificaram o Eterno Bem...
Recordando os entes amados, que te antecedem no rumo de realidades sublimes, busca a inspiração dos que conheceste retos e bons e envolve no bálsamo da prece os que tombaram sob a névoa de clamorosos enganos.
Reflete em todos eles, enviando-lhes a simpatia de tua bênção, porquanto as criaturas de quem te
despediram na morte, acreditando em aniquilamento, são simplesmente os companheiros desencarnados, componentes da Família Maior, a cujo seio também chegarás.

Emmanuel/Francisco C. Xavier     " Canais da Vida "

Deixe seu comentário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário ou dúvida. Terei prazer em respondê-lo.