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sábado, 8 de agosto de 2020

Nova Era - Amai os Vossos Inimigos


Olá, 

 É dos tópicos evangélicos mais repetidos no mundo cristão — e de todos o menos praticado.
 E a razão última e mais profunda dessa falta de prática do amor aos inimigos nasce de uma falsa compreensão dessas palavras do Mestre.
 A imensa maioria dos cristãos julga tratar-se aqui de um imperativo categórico do dever compulsório, quando, de fato, se trata de um ato de querer espontâneo; não do heroismo de uma virtude ética, e sim da evidência de uma sabedoria cósmica. naturalmente, para que o dever compulsório da virtude possa converter-se no querer espontâneo da sabedoria, terá de acontecer algo de imensamente grande entre esse doloroso dever de ontem e esse glorioso querer de hoje. 
 Que é que deve acontecer entre esses dois pólos adversos? Deve acontecer uma grande compreensão.
 É sabido que tudo que é difícil não tem garantia de perpetuidade — mas tudo que é fácil tem sólida garantia de indefectível continuidade. 
Enquanto o “amor aos inimigos” se nos apresentar como um dificultoso dever compulsório, uma virtude ou virtuosidade, é claro que não temos a menor garantia de que vamos amar nossos inimigos, amanhã e depois, mesmo que talvez hoje os amemos. 
Só quando o dificultoso dever compulsório se transformar num jubiloso querer espontâneo, e quando a virtude passar a ser sabedoria e profunda compreensão da realidade, é que o nosso amor aos inimigos deixará de ser um fenômeno intermitente, passando a ser uma realidade permanente.
 Estas palavras de Jesus não têm, pois, em primeiro lugar, caráter ético, mas sim um sentido metafísico, visando estabelecer a solidariedade cósmica através da sabedoria da compreensão.
 ...O mal que os outros me fazem não me faz mal, porque não me faz mau. Antes que o mal faça mal a outros, já fez mal ao malfeitor, porque o fez mau. Não é certo que o objeto seja atingido por meu mal, mas é absolutamente certo que o sujeito é atingido por ele. 
Esse impacto do meu pensamento sobre os objetos ou pessoas é, antes de tudo, sobre o meu próprio sujeito, é tanto mais veemente e destruidor, quanto maior for a vibração emocional de que o pensamento está saturado. Amar seus inimigos é, pois, um preceito de sabedoria cósmica, porque promove a auto-realização do homem a sua verdadeira cristificação.

Huberto Rohden       “ O Sermão da Montanha”


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