
No Livro " Médiunidade" José Herculano Pires, faz uma excelente análise sobre a
Energia Mediúnica
Desde Kardec a teoria dos fluidos tem provocado divergências entre os cientistas e os espíritos. Chegou-se a criar uma prevenção contra a palavra fluido e alguns espíritas ligados a atividades científicas consideraram a teoria espírita a respeito, propondo modificações na terminologia doutrinária. O avanço rápido das ciências neste século mostrou que a razão estava com Kardec. O próprio fluido magnético, que a descoberta da sugestão hipnótica parecia ter anulado por completo, retornou ao campo das hipóteses.
Na revolução conceptual provocada por Einstein, entretanto, a teoria do fluido universal não foi afastada do campo científico, mas apenas colocada por ele entre parênteses, como problema pendente para soluções posteriores. Hoje a situação é inteiramente favorável ao Espiritismo. A Física Nuclear nos apresenta uma imagem fluídica do Universo, verdadeiro domínio dos fluidos.
Eles se apresentam como formas de energia nos campos de força que estruturam o aparente vácuo dos espaços siderais, como elementos mantenedores da vida nos processos fisiológicos, corno fluxos de partículas infinitesimais, dotados de assombroso poder e até mesmo como elementos constitutivos do tempo e do pensamento.
A fase recente da Efluviografia, com a descoberta das câmaras Kirlian de fotografias sobre campos imantados com energia elétrica em alta freqüência, e as recentes experiências soviéticas com essas câmaras adaptadas a microscópios eletrônicos de alta potência, liquidaram essa velha pendência. Abriu-se novamente no campo científico a área da fluídica. Já podemos pensar em termos de fluidos sem cometer nenhuma heresia científica.
Mas seria temerário querermos definir a mediunidade como uma espécie de energia fluídica, pois a sua natureza evidenciou-se, desde o tempo de Kardec, como simples processo de intermediação, ou seja, de relação. A mediunidade em si não é um tipo específico de energia, mas se processa, como tudo quanto existe, através de energias espirituais e materiais em conjugação. O ato mediúnico tem hoje a sua dinâmica operatória bem conhecida, que foi explicada pelos espíritos a Kardec, à revelia das hipóteses por este formuladas.

A essência do ser é uma realidade que escapa a todas as possibilidades cognitivas das ciências. Só a Filosofia consegue abordá-la através dos métodos do pensamento, mas assim mesmo sem poder defini-la como deseja. No Espiritismo nos socorremos da expressão princípio inteligente para definir essa essência e sua natureza, porque a inteligência, como poder capaz de penetrar na essência das coisas e nos dar o conhecimento, é o seu aspecto mais evidente para nós. Na verdade, só nos conhecemos pelos efeitos do que somos, não pelo que somos.
As energias da mediunidade e seu modo de agir foram defini-dos por Kardec, através de suas pesquisas e com o auxílio de entidades espirituais superiores. Essa definição atrevida, longamente combatida, criticada e ridicularizada por cientes e inscientes, está hoje plenamente confirmada em seu acerto pelas pesquisas científicas da Parapsicologia, da Física nuclear, da Metapsíquica no plano fisiológico e assim por diante. O Espiritismo se firma, hoje, como ciência avançada que balizou o avanço das ciências a partir de meados do século passado e ainda tem muito a oferecer no futuro.
As leis que regem os fenômenos mediúnicos foram esclarecidas pelas pesquisas de Kardec e, apesar das dúvidas e críticas irônicas de mais de um século sobre essa inegável conquista científica, estão atualmente confirmadas. Isso nos mostra a solidez da obra kardeciana.
A ação do espírito sobre a matéria, que sofreu contestações sofísticas durante um século, apesar de sua evidência em nossa própria estrutura orgânica, foi ainda agora confirmada pelas pesquisas dos cientistas soviéticos na Universidade de Kirov, na URSS, materialistas e desconhecedores da Doutrina Espírita. O impacto dessa descoberta provocou reações violentas do poder soviético, que sentiu ameaçada por ela a estrutura ideológica do Estado. Cessaram as notícias sobre a grande façanha científica, com uma espécie de excomunhão dos responsáveis, mas a divulgação feita pelas pesquisadoras da Universidade de Prentice Hall (EUA) que estiveram na URSS e entrevistaram os cientistas soviéticos, são suficientes para mostrar-nos a grandeza do feito.
A maior e mais constante rejeição dos cientistas às conclusões das pesquisas espíritas sobre os fenômenos mediúnicos verificou-se na área dos efeitos físicos. Ainda hoje, no panorama parapsicológico, a própria existência desses fenômenos é posta em dúvida por cientistas sistemáticos, que se apegam às concepções materialistas ou a posições religiosas sectárias. Para se ter uma idéia desse tipo de oposição, basta lembrar a opinião expressa de um conhecido físico paulista, professor universitário, sobre o fenômeno de materialização. Disse ele que o fenômeno é teoricamente possível, ante os conhecimentos atuais da Física, mas que, para realizar-se seria necessária uma quantidade de energia só possível de obter-se num período de duzentos anos. Entretanto, como ficou demonstrado nas experiências científicas do Espiritismo, e pode ser comprovado a qualquer momento, o fenômeno de materialização é produzido em poucos minutos. O engano do físico foi esclarecido por um pesquisador espírita que demonstrou o seu erro de classificação científica.
A materialização não é um fenômeno físico, exigindo duzentos anos de funcionamento da Usina de Urubupungá, mas um fenômeno fisiológico. A ação do espírito sobre o médium provoca a emanação de ectoplasma do seu organismo. O ectoplasma, descoberto e denominado por Richet, Prêmio Nobel de Fisiologia, não acumula matéria em grande quantidade para formar um corpo físico real, mas apenas reveste o perispírito ou corpo espiritual do espírito, dando-lhe a aparência de um corpo real. O físico opinara, por engano, embora de boa-fé, sobre um fenômeno que não pertence ao campo de sua especialidade e que já fora confirmado por um grande especialista. Toda a produção de fenômenos físicos no campo da mediunidade é feita por elaboração e aplicação de energias vitais e orgânicas do médium, com a colaboração involuntária dos próprios participantes da reunião em que se verifica a experiência.

Como se vê, a mediunidade é um processo de relação-indutiva, em que entram em jogo energias psicofísicas e energias espirituais. Na Parapsicologia isso ficou provado através de numerosas pesquisas. O Prof. Rhine diferenciou os dois tipos de energia ao classificar o pensamento como extrafísico. As energias mentais são de natureza espiritual e provocam reações materiais no cérebro. As energias espirituais, que Rhine chamou de extrafísicas, não estão sujeitas às leis físicas. Não sofrem a ação da gravidade, não se desgastam na sua projeção a qualquer distância e não são interceptadas por nenhuma espécie de barreiras físicas. Experiências em contrário, realizadas na URSS por Vassiliev, com o fim de demonstrar que não passavam de um novo tipo de energias físicas, fracassaram por completo. Dessa maneira, a tese espírita da existência de energias espirituais típicas ficou também comprovada cientificamente. Continuam, e é natural, os debates teóricos a respeito, mas o que importa na Ciência não são as opiniões e sim os fatos. E os fatos, como sempre, continuam fiéis à Doutrina Espírita. A mediunidade dispõe desses dois tipos de energia, mas não é, em si mesma, nenhuma delas.
Não há uma energia mediúnica específica, mas apenas a ação controladora da mente sobre a matéria. Esta ação é a mesma que deu origem ao mundo e a toda a realidade, quando o espírito (no caso o princípio inteligente) aglutinou as partículas de matéria e deu-lhes estruturas múltiplas. A relação espírito-matéria é uma constante universal que se evidencia particularmente nos fenômenos vitais: no vegetal, no animal e no homem. Mas o ato mediúnico é o ponto de concentração em que as suas leis se revelam com a devida clareza aos pesquisadores. É natural que os cientistas alheios aos problemas espíritas encontrem dificuldades em aceitar essa tese. Além disso, como observou o Prof. Remy Chauvein, do Instituto de Altos Estudos de Paris, existe no meio científico um caso alarmante de alergia ao futuro.

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