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terça-feira, 1 de abril de 2014

Vida - As três dores

Olá,

Naquele dia, ergueram-se três cruzes no cimo do monte denominado Calvário.
Na do meio, foi justiçado o Cristo de Deus. Nas laterais, dois ladrões — Dimas à direita, Gestas à esquerda.
Este vociferava contra a punição que lhe infligiram as autoridades do século; insultava a Jesus, dirigindo-lhe impropérios.
O outro, arrependido do seu passado culposo, recebia com humildade o suplicio do madeiro, como consequência de seus crimes. Confessando-se pecador, apelava para Jesus, dizendo-lhe: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
Essas três cruzes são também três dores. A do centro é a dor de amar sem ser amado, nem
compreendido . E' a dor que abrasa e tortura, no anseio de realizar um grande bem, cuja
consumação está dependendo do mesmo objeto desse bem acalentado.
A cruz de Dimas alegoriza a dor do arrependimento, a dor que regenera, que converte e salva.
 E' a dor da redenção, que liberta o Espírito das trevas do pecado, conduzindo-o às esferas luminosas
de uma nova vida; é a dor que faz suceder à noite caliginosa do vicio e do crime, causa eficiente da
morte, a aurora bendita da imortalidade.
No madeiro onde praguejava o mau ladrão, ostenta-se a dor da revolta, a dor enfurecida do
orgulho vencido, que atribui suas vicissitudes a causas estranhas que lhe não dizem respeito.
 E' a dor do impenitente, que escabuja, estertora e blasfema, dizendo-se vítima inocente.
A dor é como o fogo. Seus efeitos podem ser benéficos e salutares, ou destrutivos e aniquiladores.
O fogo, no cadinho, purifica os metais, escoimando-os de todas as escórias que os prejudicam.
 O  fogo, na cerâmica, coze o barro, dando-lhe resistência e transformando-o em objetos de utilidade,
ou em materiais de construção. O fogo, na lareira, aquece os lares, dá conforto e bem-estar à
família; na arte culinária, torna os alimentos em condições de serem ingeridos e assimilados.
Mas, o fogo entregue a si mesmo, sem objetivo definido, sem aplicação inteligente, é o incêndio
que devasta, destrói e consome.
Assim a dor: é benéfica, segundo a maneira por que a recebemos e o modo pelo qual a suportamos.
A dor de Dimas é o fogo que redime, eleva e purifica o espírito. A dor de Gestas é o fogo que
devasta as florestas do orgulho revoltado, desprendendo chamas rubras e fumo negro. A dor do
Filho de Deus é a luz que ilumina o mundo, que acorda as consciências adormecidas, que
enobrece os corações, afinando as cordas do sentimento.
Esta última modalidade da dor é desconhecida dos homens. Ela só atinge os espíritos elevados.

Vinícius                       Em torno do Mestre

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