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domingo, 29 de setembro de 2019

Vida - O Mar II

Olá,

O mar é um grande regenerador. Sem ele, a terra seria
estéril, infecunda; no seu seio elaboram-se as chuvas benéficas;
todo o sistema de irrigação do globo nele tem origem. Sua
efusão de vida é sem-limites. Essa grande força salutar, embora
áspera e selvagem, corrige, atenua nossas fraquezas físicas e
morais. Pelo perigo perpétuo que apresenta, o mar é uma escola
de heroísmo. Ele comunica ao homem suas energias; dá
ao seu pensamento, ao seu caráter, esse jeito sério, recolhido,
essa marca particular de calma e de gravidade que caracteriza

as populações costeiras. Com esses sopros vivificantes, tempera,
ao mesmo tempo, os corpos e as vontades; proporciona a
resistência e o vigor.
Ele também tem seus fiéis, seus amantes, seus devotos.
 Apesar de suas cóleras, suas revoltas, apesar
dos seus perigos constantes, aqueles que durante longo tempo
o usaram não podem mais dele se separar; permanecem a ele
ligados por todas as fibras do seu ser.
O vasto mar é para nós uma imagem de poder, de extensão,
de duração. Todos aqueles que o têm descrito, compararam
o globo a um organismo vivo; dizem perceber-lhe, em
alguns dias de verão, as pulsações. O fluxo, o refluxo são sua
respiração.
Se o mar tem pulsações, ele tem também seus espasmos,
suas convulsões. Entretanto, sua verdadeira personalidade
não se revela nos seus acidentes ou nas crises de sua superfície:
as tempestades mais violentas não agitam senão uma parte
muito fraca de sua massa líquida. Para conhecê-lo, é preciso
estudá-lo nas suas misteriosas profundezas.
Quantos mistérios no fundo dessas trevas! Quantos continentes
tragados, cidades outrora florescentes, jazem também
sob o sudário das grandes águas!
Para o mundo dos mares, a obra essencial é amar e
multiplicar! Quando se examina a água salgada no microscópio,
em algumas regiões, ela apresenta quantidades assustadoras
de ovos, de germens, de infusórios.
O oceano é comparável a uma imensa cuba sempre em fermentação de existências,
sempre em trabalho de criação.
A morte aí gera a vida: sobre os detritos orgânicos dos seres destruídos, outros organismos
aparecem e se desenvolvem, incessantemente!

Leon Denis       " O Grande Enigma"

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