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terça-feira, 22 de outubro de 2019

Vida - As Provas e a Morte II

Olá

Sob o efeito desses ensinos, a que se reduz a idéia da morte? Perde todo o
caráter assustador. A morte mais não é que uma transformação necessária e
uma renovação, pois nada perece realmente. A morte é só aparente; somente
muda a forma exterior; o princípio da vida, a alma, fica em sua unidade
permanente, indestrutível. Esta se acha, além do túmulo, na plenitude de suas
faculdades, com todas as aquisições com que se enriqueceu durante as suas
existências terrestres: luzes, aspirações, virtudes e potências. Eis ai os bens
imperecíveis a que se refere o Evangelho, quando diz: “Os vermes e a
ferrugem não os consumirão nem os ladrões os furtarão.” São as únicas
riquezas que poderemos levar conosco e utilizar na vida futura.

A morte e a reencarnação que se lhe segue, em um tempo dado, são duas
condições essenciais do progresso. Rompendo os hábitos acanhados que
havíamos contraído, elas colocam-nos em meios diferentes; obrigam a adaptarmo-
nos às mil faces da ordem social, e universal.
Quando chega o declínio da vida, quando nossa existência, semelhante à
página de um livro, vai voltar-se para dar lugar a uma página branca e nova,
aquele que for sensato consulta o seu passado e revê os seus atos. Feliz quem
nessa hora puder dizer: meus dias foram bem preenchidos! Feliz aquele que
aceitou as suas provas com resignação e suportou-as com coragem! Esses,
macerando a alma, deixaram expelir tudo o que nela havia de amargor e fel.
Rememorando na consciência as suas tribulações, bendirão os sofrimentos
que suportaram, e, com a paz íntima, verão sem receio aproximar-se o
momento da morte.
Digamos adeus às teorias que fazem da morte a porta do nada, ou o
prelúdio de castigos intermináveis. Adeus sombrios fantasmas da Teologia,
dogmas medonhos, sentenças inexoráveis, suplícios infernais! Chegou a vez
da esperança e da vida eterna! Não mais há negrejantes trevas, porém, sim,
luz deslumbrante que surge dos túmulos.
Já vistes a borboleta de asas multicores despir a informe crisálida, esse
invólucro repugnante, no qual, como lagarta, se arrastava pelo solo? Já a vistes
solta, livre, voejar ao calor do Sol, no meio do perfume das flores? Não há
imagem mais fiel para o fenômeno da morte. O homem também está numa
crisálida que a morte decompõe. O corpo humano, vestimenta de carne, volta
ao grande monturo; o nosso despojo miserável entra no laboratório da
Natureza; mas, o Espírito, depois de completar a sua obra, lança-se a uma vida
mais elevada, para essa vida espiritual que sucede à vida corpórea, como o dia
sucede à noite. Assim se distingue cada uma das nossas encarnações.
Firmes nestes princípios, não mais temeremos a morte. Como os gauleses,
ousaremos encará-la sem terror. Não mais haverá motivo para receio, para
lágrimas, cerimônias sinistras e cantos lúgubres. Os nossos funerais tornar-seão
uma festa pela qual celebraremos a libertação da alma, sua volta à
verdadeira pátria.
A morte é uma grande reveladora. Nas horas de provação, quando as
sombras nos rodeiam, perguntamos algumas vezes: Por que nasci eu? Por que
não fiquei mergulhado lá na profunda noite, onde não se sente, onde não se
sofre, onde só se dorme o eterno sono? E, nessas horas de dúvida e de
angústia, uma voz vem até nós e diz-nos: Sofre para te engrandeceres, para te
depurares! Fica sabendo que teu destino é grande. Esta terra fria não é teu
sepulcro. Os mundos que brilham no âmbito dos céus são tuas moradas
futuras, a herança que Deus te reserva. Tu és para sempre cidadão do
Universo; pertences aos séculos passados como aos futuros, e, na hora atual,
preparas a tua elevação. Suporta, pois, com calma, os males por ti mesmo
escolhidos. Semeia na dor e nas lágrimas o grão que reverdecerá em tuas
próximas vidas. Semeia também para os outros assim como semearam para ti!
Ser imortal, caminha com passo firme sobre a vereda escarpada até às alturas
de onde o futuro te aparecerá sem véu! A ascensão é rude, e o suor inundará
muitas vezes o teu rosto, mas, no cimo, verás brilhar a grande luz, verás
despontar no horizonte o Sol da Verdade e da Justiça!
A voz que assim nos fala é a voz dos mortos, é a voz das almas queridas
que nos precederam no país da verdadeira vida. Bem longe de dormirem nos
túmulos, elas velam por nós. Do pórtico do invisível vêem-nos e sorriem para
nós. Adorável e divino mistério! Comunicam-se conosco e dizem: Basta de
dúvidas estéreis; trabalhai e amai. Um dia, preenchida a vossa tarefa, a morte
reunir-nos-á.
Leon Denis                 " Depois da Morte "

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