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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Vida - AS PROVAS E A MORTE

Olá,

Estabelecido o alvo da existência, mais alto que a fortuna, mais elevado
que a felicidade, uma Inteira revolução produz-se em nossos intuitos.
O Universo é uma arena em que a alma luta pelo seu engrandecimento, e
este só é obtido por seus trabalhos, sacrifícios e sofrimentos.
A dor, física ou moral, é um meio poderoso de desenvolvimento e de progresso.
As provas auxiliam-nos a conhecer, a dominar as nossas paixões e a amarmos realmente
os outros. No curso que fazemos, o que devemos procurar adquirir é a ciência
e o amor alternadamente. Quanto mais soubermos, mais amaremos e mais nos
elevaremos. A fim de podermos combater e vencer o sofrimento, cumpre

estudarmos as causas que o produzem, e, com o conhecimento dos seus
efeitos e a submissão às suas leis, despertar em nós uma simpatia profunda
para com aqueles que o suportam.
A dor é a purificação suprema, é a escola em que se aprendem a paciência,
a resignação e todos os deveres austeros. Éa fornalha onde se funde o egoísmo,
 em que se dissolve o orgulho. Algumas vezes, nas horas sombrias,
a alma submetida à prova revolta-se, renega a Deus e sua justiça;
depois, passada a tormenta, quando se examina a si mesma,
vê que esse mal aparente era um bem; reconhece que a dor tornou-a
melhor, mais acessível à piedade, mais caritativa para com os desgraçados.
Todos os males da vida concorrem para o nosso aperfeiçoamento. Pela
dor, pela prova, pela humilhação, pelas enfermidades, pelos reveses o melhor
desprende-se lenta-mente do pior. Eis por que neste mundo há mais sofrimento
que alegria. A prova retempera os caracteres, apura os sentimentos, doma as
almas fogosas ou altivas.
A dor física também tem sua utilidade; desata quimicamente os laços que
prendem o Espírito à carne; liberta-o dos fluídos grosseiros que o retêm nas
regiões inferiores e que o envolvem, mesmo depois da morte. Essa ação
explica, em certos casos, as curtas existências das crianças mortas com pouca
idade. Essas almas puderam adquirir na Terra o saber e a virtude necessários
para subirem mais alto; como um resto de materialidade impedisse ainda o seu
vôo, elas vieram terminar, pelo sofrimento, a sua completa depuração.
Não imitemos esses que maldizem a dor e que, nas suas imprecações
contra a vida, recusam admitir que o sofrimento sej a um bem. Desejariam
levar uma existência a gosto, toda de bem-estar e de repouso, sem compreenderem
que o bem adquirido sem esforço não tem nenhum valor e que,
para apreciar a felicidade, é necessário saber-se quanto ela custa. O
sofrimento é o instrumento de toda elevação, é o único meio de nos arrancarmos
à indiferença, à volúpia. É quem esculpe nossa alma, quem lhe dá mais
pura forma, beleza mais perfeita.
A prova é um remédio infalível para a nossa inexperiência. A Providência
procede para conosco como mãe precavida para com seu filho. Quando
resistimos aos seus apelos, quando recusamos seguir-lhe os conselhos, ela
deixa-nos sofrer decepções e reveses, sabendo que a adversidade é a melhor
escola da prudência.
Tal o destino do maior número neste mundo. Debaixo de um céu algumas
vezes sulcado de raios, é preciso seguir o caminho árduo, com os pés
dilacerados pelas pedras e pelos espinhos. Um Espírito de vestes lutuosas guia
os nossos passos; é a dor santa que devemos abençoar, porque só ela sacode
e desprende-nos o ser das futilidades com que este gosta de paramentar-se,
torna-o apto a sentir o que é verdadeiramente nobre e belo.

Leon Denis                                    " Depois da Morte"

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